sexta-feira, 4 de junho de 2010

4 - Alguns Perfis do par Manipulador/Vítima

Passemos então a analisar alguns dos perfis mais conhecidos do par manipulador/vítima, pois que antes das propostas de cura é necessário um conhecimento desta realidade de uma forma mais detalhada.

1-MANIPULADOR
1- O Manipulador Sedutor
· Usa o seu corpo e o seu charme, como meio de atracção.
· Tem o costume de interpelar e de olhar nos olhos dos outros para perscrutar as reacções dos outros. Mas responde sempre de forma ambígua.
· Obtém sempre o que procura: informações, propósitos dos outros, desejos, mas nunca dá nada em troca. Quando não consegue obter o que deseja usa a força física, ou psicológica.
· O seu principal objectivo é extorquir tudo o que puder dos outros: dinheiro, poder, consideração, dependência psicológica…


1-VÍTIMA
1- A Vítima que Repele
· Usa a sua má aparência, e mesmo o seu desleixo, para chamar a atenção dos outros.
· Mantém sempre a cabeça baixa, uma posição curvada e não responde directamente ao que a interpela, respondendo por monossílabos.
· Quando instada directamente diz o que não devia, ou revela “segredos”, perdendo o controle das suas ideias ou emoções. Anula completamente os seus desejos perante as mesmas necessidades do manipulador.
· O seu principal objectivo é ser reconhecida afectivamente e materialmente, pela enorme dádiva que sente dar de si mesma aos outro (manipulador).

2-MANIPULADOR
2- O Manipulador Tímido
· Esconde-se atrás de uma falsa timidez.
· Julga-nos atrás dos seus silêncios e/ou do seu olhar, sem se manifestar quando solicitamos a sua opinião, principalmente em público.
· A sua presença é opressiva, mesmo que ninguém saiba encontrar as verdadeiras razões dessa opressão (exceptuando um outro manipulador).
· Serve-se de um companheiro(a), filho(a), ou de um colega, para transmitir a sua opinião, ou crítica à pessoa, ou situação, alvo.
· Submete-se muito passivamente à autoridade de um outro manipulador que considera mais forte, como por ex., o manipulador culto, e o manipulador autoritário.
· Está sempre a apregoar que detesta conflitos, mas nada lhe dá mais satisfação provocando-os indirectamente.
· Insinua a existência de planos, armadilhas, maus olhados, etc. que os adversários lhe andam a montar e a construir, e lança-os discretamente junto da(s) vítima(s).


2-VÍTIMA
2- A Vítima Arrogante
· Apresenta-se, principalmente nos grupos, de uma forma “destemida” e faz e diz “coisas pouco convenientes” ou que estão escondidas!
· Anda sempre perscrutando o olhar do seu manipulador e a tentar perceber o que ele está a comunicar. Sente-se sempre julgado por este.
· Sente-se sempre em desconforto junto deste manipulador e tende a fugir, ou …outros comportamentos, de acordo com o seu “padrão de vitimização” que estudaremos nas Curas!
· A vítima como que capta inconscientemente a mensagem do manipulador e faz de “pombo correio”, saindo assim “mal da situação” e não o manipulador.
· Revela-se contra toda a autoridade, ou fomenta discórdias, respondendo assim ao desejo inconsciente do manipulador.
· Sente-se sempre no meio de “forças contrárias”, e acaba por actuar mal para aliviar a tensão que sente.
· São atreitas a ataques de pânico, a medos, cuja origem não sabem determinar, mas cuja ameaça é sentida como bem real.
Nota: No capítulo das curas falaremos dos vários tipos de vitimização que se instalam no inconsciente da vítima.



3-MANIPULADOR
3 - O Manipulador Culto
· Adopta uma atitude subtil de desprezo por todos os que não possuem os mesmos conhecimentos, ou posições sejam elas de: informação, comportamentos ou posições sociais (estatuto, classe social…).
· Especializam-se em temas com grande minúcia.
· Têm o poder de subjugar os outros e de os levar a admitir o que eles querem.
· O seu tom de voz e a maneira de falar sugerem uma grande bagagem cultura.
· Gosta de monopolizar a palavra para expor a “sua ciência”, e nada lhe agrada mais que um público que o admira.
· Aposta na ignorância dos outros e valoriza elementos que reforçam a sua autoridade, tais como: a classe social de proveniência, os graus académicos que possui, a sua profissão prestigiada, idade, experiência, etc.
· Fazem constantemente apelo ao sentimento de respeito pela autoridade (estudado por Stanley Milgram, em”Soumission à láutorité”), que existe em todos nós – mesmo nos indivíduos mais saudáveis -.
· Usam bem os símbolos de autoridade para se impor: títulos, roupas, acessórios.


3-VÍTIMA
3 - A Vítima Ignorante

· Sente-se sempre inferior aos outros, mesmo que objectivamente não o seja, quer pelo seu estatuto, ou classe social.
Acaba sempre por desculpar o manipulador na presença desses seus comportamentos e a dar-lhe razão perante as suas argumentações de “superioridade”.
· Têm uma bagagem cultural muito generalizada e apresentam muitos lapsos de memória, o que os leva a sentir e por vezes a dizer: -”sou burra(o)”!
· Nunca conseguem obter o que desejam quando isso é contrário aos desejos do manipulador. Acabam sempre por ceder.
· Falam baixo e com timidez, referindo constantemente, e sentindo sempre, que não dominam o assunto e por isso é melhor não falar.
· Receia profundamente estar no “centro das atenções” e porque, ou receia, que algum acontecimento nocivo se desenrole, principalmente a partir do manipulador culto, o que acaba por acontecer a amplia os seus próximos medos de exposição em público.
· Sente-se sempre inferiorizado em relação: à classe social de proveniência, ao grau académico que possui, à profissão que detêm, à idade, etc. etc.
· Perante a autoridade curvam-se respeitosamente, mesmo que esta lhe traga grandes e dolorosos danos materiais e psicológicos.
Nota: É neste sentimento de respeito de respeito pela autoridade, bem enraizado no nosso inconsciente, que a vítima aceita tudo, como se viu nos campos de concentração, por ex.
· Têm algum prazer em esconder (caso os tenha) os seus títulos.

4-MANIPULADOR
4 - O Manipulador autoritário
· Os sentimentos devem ser colocados em segundo plano, perante os objectivos a atingir. Tudo é premeditado e o lazer ou a conversa amena são “puras perdas de tempo!”
· O manipulador autoritário decide sozinho os seus princípios e objectivos, os quais passam a valer como lei e a aplicar-se a todos os que o rodeiam, tanto no âmbito profissional como familiar.
Ele dita as suas próprias leis e não obedece, ou contesta as leis impostas pelos outros, a não ser em situações em que saia altamente favorecido.
· É capaz de publicamente ser violento e agressivo com o interlocutor/vítima. Com outros manipuladores estuda estratégias, e gasta a grande parte do seu tempo na montagem dessas estratégias.
· Quando está doente ou é atingido por algum malefício, acusa os outros de serem os causadores do seu mal, recorrendo inclusive a ameaças e a “macumbas” se nisso acreditar.
· Escolhe normalmente uma profissão, ou um posto de comando, e não facilita a vida a ninguém.
· Nunca agradece nada a ninguém e só mostra submissão quando está perante outro manipulador, ou as conveniências assim o exigem.
· Usa o medo para obter o que quer. Descobre desde muito cedo que pode usar o medo das pessoas para obter o que deseja e torna-se mestre nesse uso.


4-VÍTIMA
4 - A Vítima Passiva
· Vive com “as emoções à vista”, e deixa-se conduzir por elas, mesmo que verifique que não lhe são proveitosas. Uma espécie de telepatia parece conduzir as suas acções às quais obedece cegamente.
· Com receio de ser acusado de ignorante, de inferior aos outros, e outros maus tratos, a vítima diz a tudo que sim e vai contestando apenas nas “costas do ditador”, nunca conseguindo verdadeiramente enfrentá-lo.
· Perante tais violências a vítima não responde e tenta, se incitado a isso, a desculpá-lo.
· Vai em socorro do manipulador e usa os seus meios para provar ao ditador que efectivamente o seu mal é provocado pelos outros (maus tratos na infância, maus olhados/invejas, etc.),e coloca-se do seu lado.
· Dedica-se normalmente ao cuidado de outras vítimas e tenta assim obter algum reconhecimento destas, já que o não consegue junto do manipulador.
· Anda sempre a agradecer e a pedir desculpa, como se não tivesse direito à existência.
· O respeito pela autoridade e o medo, são os sentimentos que a vítima experimenta junto deste tipo de manipuladores. A vítima que resiste acaba por ceder e ficar prejudicada.



5-MANIPULADOR
5 - O Manipulador Altruísta
· Estes seres dão tudo, mas nós não lhes podemos recusar nada. Conseguem convencer, exaustivamente mas é necessário retribuir todos os benefícios recebidos. E isso não pelo princípio da reciprocidade, mas pela obrigatoriedade de aceitarmos e de respondermos, tudo isto feito de uma forma violenta e abusiva, sem alternativas. É ele quem escolhe o momento e a forma de liquidar a vítima.
· É capaz de nos dispensar o seu tempo, dar presentes ou propor sugestões lógicas que nos convêm num determinado momento. Mas igualmente e delicadamente irá exigir as suas contrapartidas…

5-VÍTIMA
5 - A Vítima Ingénua
· Vive Perante o sorriso e as boas palavras acredita que lhe são dirigidas e que está perante uma pessoa que a aprecia e a reconhece.
Acredita que o que lhe é proposto é para seu bem e que uma pessoa com tão bom trato não a pode enganar. Vai atrás do que lhe é proposto, mas que isso lhe exija sacrifícios.
Deixa cair todos os sinais que lhe revelem contradições, ou “outras intenções”.
· É capaz de se prejudicar e quando lhe são exigidas as contrapartidas aceita-as de boa vontade, dizendo a si mesma que foi ela que não entendeu as exigências que lhe foram feitas, desculpando o manipulador, só para manter a ilusão de que alguém pensou nela e cuidou dos seus interesses.
Neste sentido a vítima sofre verdadeiramente de “uma doença”, pois prefere deprimir-se a voltar-se contra.


Notas:
1 – Estes perfis de modo algum esgotam as características comportamentais deste par manipulador/vítima. São no entanto, quanto a nós, já matéria suficiente para analisarmos, reflectirmos e discutirmos entre nós.
2- Por vezes estas características misturam-se, mas há pontos dominantes em cada um dos perfis, que importa cada um trazer do conhecimento que já possui desta matéria.
3– A saída! Cura! Não se encontra no simples re-conhecimento mental desta realidade. Não nos podemos esquecer que por detrás desta patologia se encontra uma enorme e profunda depressão, da qual vítima e manipulador procuram afastar-se e libertar-se. No caso das vítimas ao simples reconhecimento da sua situação pode ocorrer uma rápida transformação/identificação com o manipulador, transformando-os em seres piores que as anteriores vítimas.

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Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Alguns Perfis de Manipulador/Vítima

3 – Alguns Perfis de Manipulador/Vítima

Começamos por referir que entre estes dois tipos de personalidade, manipulador/vítima, ocorre um fenómeno, a chamada “identificação projectiva” que torna por vezes difícil distinguir quem é verdadeiramente o manipulador ou a vítima. Este mecanismo de defesa ocorre quando uma pessoa se identifica de tal forma com outra pessoa, animal ou objecto, que adquire as características dele, vivendo assim numa chamada “participação mística”. Este termo de autoria de Lévy-Bruhl, indica “um elo psicológico muito primitivo, que dá origem a um poderoso vínculo inconsciente”.
Assim a vítima desculpa, encobre e aceita os maus tratos do manipulador e por sua vez este não tem consciência do mal que inflige à vítima. Quando confrontado com isso ele responde sempre em “projecção”: - eu faço isto sempre para o bem dela, deles -… Vejamos o que acontece com os políticos e outras personalidades públicas… Hitler afirmava que o seu projecto era para salvar a “raça ariana” e restituir a identidade ao povo alemão…
A cada manipulador tipo, existe uma vítima de sinal contrário. E não existe um só tipo de manipulador/vítima. A psicóloga Isabelle Nazare Aga escreveu um livro “Os Manipuladores Estão Entre Nós (Ed. Tenacitas) onde descreve 7 perfis de manipulador. Na nossa análise juntaremos as sete vítimas correspondentes.
Não significa que esta problemática fique estudada exaustivamente. Pelo contrário, consideramos que é um início de estudos, reflexões e análises que têm de ser continuados, dada a latitude e o País onde nos encontramos.
Mas como sei então verdadeiramente distinguir entre dois tipos de personalidade, dada a possibilidade de elas viverem em “participação mística”? O critério que usamos é o proposto por Cristo: “Pelas vossas obras vos distinguireis!”. É assim um critério ético a moral, ao contrário do proposto pela psicologia que é o do conhecimento. Mas não podemos esquecer as descoberta de Freud sobre as características do inconsciente : “este é por definição ilógico e amoral “. Mas o avanço nas relações humanas deve-se ao desenvolvimento moral e ético dos seres humanos.
Assim a força para sairmos deste labirinto tem de ser encontrada na força do Ego, que segundo Jung “é o complexo central no campo consciente”. Ou seja, terá que ser a força que coordena e ordena as aquisições da psique consciente, não deixando que os conteúdos inconscientes invadam a psique consciente e a coloquem ao seu serviço, o que se designa por “Possessão”.
Mas também esta força tem de ser encontrada na dimensão transcendente/religiosa, pois que se nos entregarmos a um guru, seja ele o mais santo, cairemos logo na sua dependência. Conhecedor deste dinamismo, o Professor Agostinho da Silva afirmava que se acabaram os mestres, e ele próprio recusava-se a liderar o quer que fosse.

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Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

No encontro entre a Vítima e o Manipulador dá-se a Projecção Completa.

Muitas são as interrogações sobre as razões que mantêm este “par”, vítima e manipulador, a viver em conjunto e por longos períodos de tempo, às vezes para toda a vida. Sigesmund Freud chamou-lhes o “par antitético fundamental”( junção de oposto), então identificado na problemática do sado-masoquismo (o prazer em sofrer e em fazer sofrer) e sem indicação para a Psicanálise. O discípulo de Freud, William Reich, dedicou-se a esta problemática e escreveu uma obra que intitulou “Deus e o Diabo”.
Da nossa vivência, estudo e prática clínica, o entendimento desta problemática passa pelo seguinte: Em fases muito precoces da vida a criança com um trauma muito profundo – morte da mãe, rejeição desta ou do pai, vivências de abandono em gerações anteriores -, desencadeiam nela uma sensação muito grande e dolorosa de abandono.
Perante esta ferida profunda que abala a construção do SELF (o arquétipo da plenitude, o centro regulador da psique – em glossário de termos Junguianos), e como defesa, dá-se na psique (alma) uma cisão. De um lado fica a ferida (reprimida, escondida, tapada…) e do outro o impulso de sobrevivência parece tomar conta da vida, e a personalidade vai-se desenvolvendo, mas muito mal, senão vejamos.
Ao contrário do que se supunha e por acção da investigação de Freud, o nosso inconsciente continua e sempre em profunda actividade, nestes casos, como um vulcão. O caminho que o inconsciente percorre nestes casos é também cindido, de acordo com princípios que desconheço. Um grupo de seres humanos segue o caminho da vitimização, entregando ao outro o seu self, tentando ser assertivo com tudo e com todos, mostrando-se bondoso esperando assim que o outro o acabe por reconhecer e amar. Toda a sua raiva, inveja e ódio fica reprimido, e desenvolve assim um “falso self”. É atreito às depressões, pois o esforço energético que faz para manter tal postura acaba por o desgastar profundamente.
Um outro grupo de seres humanos descarregam sobre os mais próximos em primeiro lugar e depois sobre os outros, a sua enorme frustração de não terem sido amados, reparados e reconhecidos na sua primeira infância. Perante a dor do abandono colocam-se no centro da sua psique, como o revela o mito de Narciso, e passam a exigir e a culpar os outros por aquilo que lhes era devido. Reivindicam o que acham que é seu, agora identificado nos bens materiais e sociais, e consideram-se impecáveis, bondosos, inteligentes, e merecedores de tudo o que é bom e melhor, tornando-se sábios manipuladores. Usam o medo, a força, a inteligência, a agudez para conseguir o que acham que é seu de direito. E com isso pensam adquirir o que lhes é devido, e alguma paz interior, considerando que só fazem justiça. Este equilíbrio é no entanto falso, pois que vivem cheios de medos e de “fantasmas”.
Mas o encontro perfeito dá-se quando estes dois tipos de seres humanos, marcados pelo estigma do abandono e da rejeição, se encontram. A vítima reconhece e vê no manipulador o seu lado reprimido, violento, cheio de revolta, desejoso de poder, de ser admirado e reconhecido… A vítima não assumiu esse lado por opção? mas admira a coragem do outro que o fez, e passa a adulá-lo, e a desculpá-lo. O manipulador revê na vítima a sua fraqueza, pequenez, e com isso aproxima-se da sua dor. Então vai sobre a vítima (que está reprimida em si), e descarrega sobre ela, responsabilizando-a de todo o seu sofrimento. Apanha os seus “pontos fracos”e um a um e vai-os projectando nela, descarregando a dor que está em si.
Mas no nível mais profundo do inconsciente, há um entendimento quase perfeito, uma Projecção completa, que une estes dois seres, e os pode manter assim toda uma vida.
Transposta para a sociedade, esta problemática tem sido, quanto a nós, a responsável pelo desnível social entre ricos e pobres, e outros desníveis.
A cura desta doença será objecto da minha próxima reflexão.


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Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Projecção - Mecanismo de Defesa Psicológico

A PROJECÇÃO: FUNCIONAMOS AINDA EM ESPELHO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

A capacidade de nos reconhecermos é ainda muito limitada, dado o nosso atraso no campo dos Afectos.
Mas o caminho para esse conhecimento permanece em aberto em tdos nós. A nossa natureza divina construiu-nos com todo esse potencial. E um dos caminhos é eu saber que em primeira instância me revejo, como num espelho, nos outros.
A PROJECÇÃO é assim, segundo a terminologia da psicologia dinâmica, “o processo pelo qual determinada qualidade ou característica do próprio indivíduo é percebida, e combatida, em algum objecto ou pessoa exterior”.
Iremos desenvolver este conceito, mas desde já podemos salientar as perspectivas que ele abre quanto a comportamentos humanos como: “a má-língua, ou o maldizer”; a “inveja”; os pensamentos “paranóides”,etc. Assim como, a “autodestruição”; a “desvalorização das nossas capacidades”,etc.

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Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Criação de Grupos de Auto-Ajuda no Desemprego

NO SEIO DA CRISE ENCONTRA-SE A SEMENTE DA RENOVAÇÃO



Toda a Natureza participa deste mistério: é preciso terminar, ou morrer, para surgir o novo; - ao dia acaba por surgir a noite; a flor cai para aparecer o fruto; o óvulo e o espermatozóide morrem para surgir o feto!!! Porque não há- de acontecer o mesmo com a vida psíquica do Homem e com os seus sistemas sociais?
A Psicologia Analítica provou em profundidade que a via da Alma Humana obedece aos mesmos princípios de transformação da Alquimia, há muito estudados pelos Alquimistas. E que o corpo deve participar desses mesmos processos!
Na Religião Cristã este mistério faz parte da sua essência, com Cristo a afirmar: - “É preciso morrer para renascer!” Ou seja, passar de um nível ligado à matéria e à Terra para outro em que predomina o Espírito.
Nos sistemas sociais a História demonstra a existência de vários sistemas sociais que se vão sucedendo, e que este, o Capitalismo, é o ultimo nessa sequência da evolução económica e social.
Mas a Mudança, seja ela individual, ou social, não se faz, de uma maneira geral, de forma contínua e tranquila. O essencial desta mudança dá-se no Inconsciente (aquilo que ainda não temos consciência, mas que já participa na Vida!). Assim a Mudança aparece de forma incongruente, aos saltos, com desequilíbrios, o que designamos por Crise. E quanto mais próximo está o nascer do Novo, maior são as crises, os saltos, as contradições, o sofrimento. Este processo é bem nosso conhecido na Psicoterapia. E só a Esperança nos pode alimentar. Esta, a esperança, está ligada à capacidade de Esperar, de aguardar, de não desanimar (não perder a alma), o que se torna muito difícil para a maioria dos seres humanos. Nesse caminho há que ler os Sinais do Novo, e colocar os sentidos humanos nesse caminho. Por isso nestes períodos históricos os Oráculos eram e são lidos e consultados.
No decorrer das Grandes Guerras na Europa, começaram a surgir novos movimentos de mudança institucional e social. Estes movimentos consolidaram-se em França e Países limítrofes, na década de sessenta, no célebre Maio de 68, com a designação geral de Análise e Pedagogia Institucional, entre outros. Estes movimentos chegaram a Portugal depois do 25 de Abril e à América Latina nos anos 80. Tive o privilégio de pertencer a estes movimentos e de estar inscrita na Sociedade Francesa de Análise Institucional, onde fiz uma formação adequada, sob a orientação do Professor René Lourau. Em 1991, em Buenos Aires, pude assistir ao primeiro Congresso de Análise Institucional da América Latina, onde havia representações de todos os Países.
Todos estes Movimentos trazem no seu seio a ideia de Autogestão. Ou seja, a sobrevivência material e espiritual do ser humano não pode nem deve estar dependente e entregue nas mão de meia dúzia de seres humanos, como tem acontecido ao longo de toda a História Humana, pois que estes rapidamente se apropriam de tudo e transformam os restantes seres humanos em seus escravos.
O primeiro grito dado nesses sentido, afirmam os analistas institucionais, foi a Revolução Francesa através do seu ideário: “Igualdade, fraternidade e solidariedade!” Segundo eles, começou aqui o fim do Capitalismo e hoje estamos a assistir ao seu estertor! Esta é, aliás a mensagem passada no filme “O Capitalismo”!
Entre nós esse ideal foi profundamente trabalhado por António Sérgio, e outros, com a sua proposta do Cooperativismo, que deixou a sua semente e parece estar à espera do “tempo certo” para ressurgir.
Criámos a ilusão (trabalhada pelo Capitalismo!) de que a felicidade estava no Ter, e verificamos que este não parece Ter fim... Criámos o mito que a Ciência iria explicar e resolver tudo, desde a doença às injustiças sociais. Nada disso está a acontecer, e pelo contrário a pobreza aumenta e a riqueza cada vez mais se concentra em poucos. Mas a Consciência Humana aumentou!
Temos no germe da nossa História Social uma força criativa que nos levou aos Descobrimentos e que, como falam Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, entre muitos outros, está à espera do momento certo para Ressurgir. Esta semente, à semelhança das outras, permanece escondida e em transformação latente, até estarem reunidas as condições para o seu Novo Aparecimento!
Com o País desempregado (restam os funcionários públicos!) custa-nos a crer que tal possa acontecer! Mas não esperemos que as forças do passado, que destruíram o País possam ser elas a salvar-nos! Teremos que nos “pôr a caminho!” Tenho essa experiência, pois que desde 1985 crio o meu próprio emprego. Sabendo das dificuldades encontradas e a superar, propus a Uma Universidade e aos Serviços de Saúde da Igreja Católica, a criação de “Grupos de Auto - Ajuda no Desemprego”, proposta está bem fundamentada. A resposta foi negativa porque talvez não fossem as Instituições, ou o momento certo.
Creio profundamente no que escrevi e creio que não estou só!
É a altura de nos reunirmos, nestes sentido?
Aqui fica o meu apelo!

Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com


Qual é o meu projecto!

Sou psicoterapeuta há 35 anos. Tenho uma longa vida afectiva e profissional. Acompanho tudo o que me vai acontecendo, escrevendo e publicando em jornais e revistas. Este trabalho vai minimizando a dor que a vida e o meu trabalho profissional me estão constantemente a confrontar.
Além disso sou extremamente curiosa e inquieta e vou acompanhando toda a informação que se vai produzindo nas áreas que essencialmente me interessam:Psicologia e Religião. Este permanente estudo e reflexão tem-me conduzido a uma visão e acção eclética tanto na minha vida quanto na minha profissão como psicoterapeuta.