NO SEIO DA CRISE ENCONTRA-SE A SEMENTE DA RENOVAÇÃO
Toda a Natureza participa deste mistério: é preciso terminar, ou morrer, para surgir o novo; - ao dia acaba por surgir a noite; a flor cai para aparecer o fruto; o óvulo e o espermatozóide morrem para surgir o feto!!! Porque não há- de acontecer o mesmo com a vida psíquica do Homem e com os seus sistemas sociais?
A Psicologia Analítica provou em profundidade que a via da Alma Humana obedece aos mesmos princípios de transformação da Alquimia, há muito estudados pelos Alquimistas. E que o corpo deve participar desses mesmos processos!
Na Religião Cristã este mistério faz parte da sua essência, com Cristo a afirmar: - “É preciso morrer para renascer!” Ou seja, passar de um nível ligado à matéria e à Terra para outro em que predomina o Espírito.
Nos sistemas sociais a História demonstra a existência de vários sistemas sociais que se vão sucedendo, e que este, o Capitalismo, é o ultimo nessa sequência da evolução económica e social.
Mas a Mudança, seja ela individual, ou social, não se faz, de uma maneira geral, de forma contínua e tranquila. O essencial desta mudança dá-se no Inconsciente (aquilo que ainda não temos consciência, mas que já participa na Vida!). Assim a Mudança aparece de forma incongruente, aos saltos, com desequilíbrios, o que designamos por Crise. E quanto mais próximo está o nascer do Novo, maior são as crises, os saltos, as contradições, o sofrimento. Este processo é bem nosso conhecido na Psicoterapia. E só a Esperança nos pode alimentar. Esta, a esperança, está ligada à capacidade de Esperar, de aguardar, de não desanimar (não perder a alma), o que se torna muito difícil para a maioria dos seres humanos. Nesse caminho há que ler os Sinais do Novo, e colocar os sentidos humanos nesse caminho. Por isso nestes períodos históricos os Oráculos eram e são lidos e consultados.
No decorrer das Grandes Guerras na Europa, começaram a surgir novos movimentos de mudança institucional e social. Estes movimentos consolidaram-se em França e Países limítrofes, na década de sessenta, no célebre Maio de 68, com a designação geral de Análise e Pedagogia Institucional, entre outros. Estes movimentos chegaram a Portugal depois do 25 de Abril e à América Latina nos anos 80. Tive o privilégio de pertencer a estes movimentos e de estar inscrita na Sociedade Francesa de Análise Institucional, onde fiz uma formação adequada, sob a orientação do Professor René Lourau. Em 1991, em Buenos Aires, pude assistir ao primeiro Congresso de Análise Institucional da América Latina, onde havia representações de todos os Países.
Todos estes Movimentos trazem no seu seio a ideia de Autogestão. Ou seja, a sobrevivência material e espiritual do ser humano não pode nem deve estar dependente e entregue nas mão de meia dúzia de seres humanos, como tem acontecido ao longo de toda a História Humana, pois que estes rapidamente se apropriam de tudo e transformam os restantes seres humanos em seus escravos.
O primeiro grito dado nesses sentido, afirmam os analistas institucionais, foi a Revolução Francesa através do seu ideário: “Igualdade, fraternidade e solidariedade!” Segundo eles, começou aqui o fim do Capitalismo e hoje estamos a assistir ao seu estertor! Esta é, aliás a mensagem passada no filme “O Capitalismo”!
Entre nós esse ideal foi profundamente trabalhado por António Sérgio, e outros, com a sua proposta do Cooperativismo, que deixou a sua semente e parece estar à espera do “tempo certo” para ressurgir.
Criámos a ilusão (trabalhada pelo Capitalismo!) de que a felicidade estava no Ter, e verificamos que este não parece Ter fim... Criámos o mito que a Ciência iria explicar e resolver tudo, desde a doença às injustiças sociais. Nada disso está a acontecer, e pelo contrário a pobreza aumenta e a riqueza cada vez mais se concentra em poucos. Mas a Consciência Humana aumentou!
Temos no germe da nossa História Social uma força criativa que nos levou aos Descobrimentos e que, como falam Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, entre muitos outros, está à espera do momento certo para Ressurgir. Esta semente, à semelhança das outras, permanece escondida e em transformação latente, até estarem reunidas as condições para o seu Novo Aparecimento!
Com o País desempregado (restam os funcionários públicos!) custa-nos a crer que tal possa acontecer! Mas não esperemos que as forças do passado, que destruíram o País possam ser elas a salvar-nos! Teremos que nos “pôr a caminho!” Tenho essa experiência, pois que desde 1985 crio o meu próprio emprego. Sabendo das dificuldades encontradas e a superar, propus a Uma Universidade e aos Serviços de Saúde da Igreja Católica, a criação de “Grupos de Auto - Ajuda no Desemprego”, proposta está bem fundamentada. A resposta foi negativa porque talvez não fossem as Instituições, ou o momento certo.
Creio profundamente no que escrevi e creio que não estou só!
É a altura de nos reunirmos, nestes sentido?
Aqui fica o meu apelo!
Maria Margarida Oliveira
Psicoterapeuta
Email: margarida.oliveira3@hotmail.com